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COMUNIDADE EM REDE Nº 45
Descripción:

Escute a revista radiofônica da Agência Pulsar número 45. Além de notícias de rádios comunitárias, saiba mais sobre internet banda larga no Brasil e conheça a vida de um morador do conjunto de favelas do Alemão, na cidade do Rio de Janeiro. No Giro Comunitário (Módulo 1, 16:29 minutos, 7,22 Mb), conversamos com o pessoal da Comunidade FM, de Nova Friburgo. A rádio comunitária tem ajudado ouvintes a encontrar pessoas desaparecidas após as chuvas que atingiram o município da Região Serrana do Rio de Janeiro. No Ceará, a Rádio Comunitária Independência FM completa 14 anos. De lá, seguimos para o Mato Grosso do Sul. A emissora Boa Nova FM, que fica na fronteira entre Brasil e Paraguai, trabalha com a diversidade cultural. Saiba também como foi o VII Congresso da Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária, a Abraço. O evento aconteceu em Brasília nos dias 20 e 21 de janeiro. O Nossa Voz (Módulo 3, 6:02 minutos, 5,53 Mb) traz informações sobre o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL). No Brasil, apenas 5 % da população tem acesso à internet rápida. O serviço pode ampliar o acesso ao direito à comunicação.

Libreto:
Giro Comunitário_Revista 45

Nota 1

Loc 1_ O Brasil inteiro esteve atento às notícias sobre a Região Serrana no Rio de Janeiro. Muita chuva, enchentes e deslizamentos. Numa tragédia, a comunicação pode salvar vidas. Sem linhas de telefone fixo, celular e internet, o rádio mostrou sua força pelo trabalho da Comunidade FM, de Nova Friburgo.

Loc 2_A emissora comunitária foi instrumento para ouvintes na busca de pessoas desaparecidas. Luzia Franco, diretora da comunitária, fala sobre o trabalho.

Sonora 1

Loc 1_ Luiza conta que, enquanto a Rádio Comunidade FM informava a população sobre as áreas mais afetadas pelas chuvas, emissoras comerciais com maior alcance de antena se limitaram a passar músicas.

Sonora 2

Loc 2_A Rádio Comunidade FM não sofreu danos materiais. Os comunicadores passam bem, mas enfrentaram dificuldades para manter a programação no ar. Nos primeiros dias de chuva, apenas dois locutores puderam chegar à comunitária. Um deles foi Altiele de Franco.

Sonora 3

Loc 2_ A rádio comunitária tem informado sobre as possíveis doenças que surgem com as enchentes. Também tem ajudado no recolhimento e na distribuição de mantimentos. Uma atividade essencial num contexto em que comerciantes chegaram a vender uma garrafa de cinco litros de água por R$ 40.

Loc 1_ Em toda a Região Serrana do Rio de Janeiro mais de 800 pessoas morreram. Cerca de 20 mil pessoas estão desabrigadas. Entre os municípios mais afetados, Nova Friburgo conta o maior número de mortes.

Loc 1_ Mas os radialistas da Comunidade FM afirmam que é preciso mostrar Nova Friburgo se reerguendo. E o trabalho de uma rádio comunitária deve ser assim, sempre presente.

Nota 2

Loc 1_Brasília recebeu 321 diretores de rádios comunitárias para o VII Congresso da Abraço. O tema do evento foi "As rádios comunitárias, as inovações tecnológicas e o desenvolvimento local sustentável".

Loc 2_ Houve debates para montagem de uma chapa única e a eleição da direção executiva. José Sóter continua à frente da entidade. Ele avalia o VII Congresso da Abraço.

Sonora 1

Loc 1_ A Abraço ganha novos espaços de atuação, como a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, sob a direção de Sérgio Lira, do Ceará. O Coletivo e a Executiva de Gênero e Etnia foram oficialmente criados. Kamayura Saldanha, da Bahia, assume como diretora.

Sonora2

Loc 2_ No VII Congresso da Abraço, houve espaço para a avaliação da Conferência Nacional de Comunicação, realizada em dezembro de 2009. Falaram sobre as dificuldades do processo que envolveu pessoas de todo o país. Entre pontos positivos, destacaram a divulgação das pautas do movimento pela democratização da mídia. Também destacaram a necessidade de organização das rádios para pressionar o governo e tirar as propostas do papel.

Loc 1_ Apenas parte da programação do VII Congresso da Abraço foi cumprida. Muitos debates foram cancelados, inclusive o de digitalização, um dos temas do Congresso.

Nota 3

Loc 1_ E no Mato Grosso do Sul uma emissora comunitária trabalha com diversidade de culturas. A Rádio Boa Nova FM fica na cidade Dourados.

Loc 2_Na programação da emissora comunitária, conteúdos feitos por colônias japonesas e grupos indígenas da região. A rádio também tem a participação de paraguaios. Não é para menos, já que Dourados fica a 120 quilômetros da fronteira com o Paraguai.

Loc 1_Marcos Billy, um dos coordenadores da comunitária, conta que existem programas bilingües. Ou seja, são feitos língua dos apresentadores - japoneses, indígenas e paraguaios - e traduzidos para o português.

Loc 2_Além disso, a rádio comunitária Boa Nova conta com programas de diferentes religiões. Também estão presentes movimentos culturais, como o Hip Hop.

Loc 1_Marcos Billy esteve no VII Congresso Nacional da Abraço, que aconteceu neste final de janeiro, em Brasília. Ele considera importante que as comunitárias participem de associações e grupos representativos. O radialista afirma que essa é uma forma de reivindicar. Não é isso Billy?

Sonora 1

Loc 2_ A rádio Boa Nova conta com programas de diferentes religiões. Grupos culturais também estão presentes, como o Hip Hop. A emissora faz comunicação comunitária há muito tempo, desde 1986. No início, era transmitida por meio de alto falantes. Depois de sofrer por anos com a repressão policial e outros transtornos, conseguiu a outorga. Marcos Billy fala como vê o papel de uma rádio verdadeiramente comunitária.

Sonora 2

Nota 4

Fevereiro é mês de festa para os moradores da cidade de Independência, no Ceará. No próximo dia cinco a rádio comunitária do município completa 14 anos.

A emissora, que leva o mesmo nome da cidade – Independência - escreve sua história na luta pela igualdade de gênero. O município tem cerca de 25 mil habitantes. Fica a 310 quilômetros de Fortaleza, capital cearense.

Por lá, a rádio comunitária começou com um mutirão formado por entidades, organizações e comunidades. A presidente da emissora, Rosa Gonçalves, conta como aconteceu.

Sonora 1

Na comemoração de aniversário, a Rádio Comunitária Independência vai aproveitar a oportunidade para mostrar a beleza do sertão nordestino. Conta para a gente Rosa.

Sonora 2

Valorizar as habilidades dos integrantes da comunitária é uma das propostas da Rádio Independência, do Ceará. De acordo com Rosa, a emissora busca favorecer também o desenvolvimento educativo, cultural e político na região.

Sonora 3

SONOPLASTIA – barulho de congestionamento... cai pra BG umas bozinas...

LOC1_ No Brasil, internet que permite a troca de muitos dados de uma só vez, ou seja, a tal da banda larga, ainda é para a minoria. É como o trânsito: se a rua é apertada, ninguém chega a lugar nenhum. Na chamada sociedade da informação, sem banda larga as pessoas ficam "engarrafadas", são os excluídos digitais, que perdem oportunidades por não ter acesso à informação.

LOC2_ Se somamos quem acessa internet no trabalho, nas lan houses ou em qualquer outro lugar chegamos a pouco mais de 20% dos brasileiros conectados. Banda larga em casa? Não passa de 5% da população. Um dos motivos é o preço: chegamos a pagar R$100 por 1 megabite por segundo de velocidade. Isso corresponde a 2 vezes e meia a mais ao valor que paga um mexicano.

Efeito – freio

Loc1_ Pois é: a banda larga no Brasil não parece uma auto-estrada, mas uma viela, de tão estreita. Para mudar esta realidade o novo governo garante a implantação do Plano Nacional de Banda Larga como prioridade. O ministro já negocia com empresas e a sociedade para que o processo de implantação comece em abril. A intenção é baratear o serviço cortando impostos e reativando a Telebrás, uma empresa pública. O governo quer "massificar" a banda larga.

Loc2_Em um artigo publicado no Observatório da Imprensa, Marcello Miranda, do Instituto Telecom, critica a afirmação de que a internet será massificada. Isso quer dizer que mais gente terá acesso, mas decisões sobre o preço, por exemplo, ficam na mão das empresas. Ele prefere que o governo fale em universalização. E explica porquê:

SONORA : "o que a gente defende... desenvolvimento do país, … plano público de banda larga... regime prestado em regime público não quer dizer prestado pro empresa pública, mas que haja metas de universalização. Cria obrigações … ...(FIM)"

Loc1_Quando o setor das telecomunicações foi privatizado na década de 90, o único serviço considerado público foi a telefonia fixa. Imagina como seria se não houvesse obrigação legal? As empresas se negariam a investir. Era só dizer que não dá lucro em certa região e pronto.

Loc2_ Com internet é assim: nas cidades médias e pequenas as empresas têm menos lucro, e por isso podem se negar a prestar o serviço. Este é outro motivo que explica porque a maioria dos brasileiros está desconectada.

EFEITO - (aquele barulho de tu tu tu tu...)

Loc2_Veridiana Alimonti, advogada do Instituto de Defesa do Consumidor, o Idec, explica que hoje a internet é oferecida em regime privado. O Idec defende mudar o contrato para regime público porque o usuário passaria a ter mais garantias. A mudança pode ser feita por decreto e não significaria quebrar contratos como reclamam as empresas.

SONORA: (cortar a coisa da telefonia que já foi dita no roteiro)

Loc1: Além do caráter legal do regime, o Idec, Instituto Telecom e outras entidades da sociedade civil questionam a velocidade prometida pelo Plano Nacional de Banda Larga.

MÚSICA – COM QUANTOS MEGABITES UM BARCO QUE VELEJE NESTE INFOMAR???

Loc2_ Para o governo brasileiro, uma conexão de 512 Kilobites por segundo já é banda larga. O número é animador para 33% dos brasileiros conectados que atingem no máximo 256 Kbps. Contudo, para a união internacional de telecomunicações internet rápida tem que transportar ao menos três vezes mais informações no mesmo período de tempo em comparação com o que promete o atual Plano Nacional de Banda Larga.

EFEITO – BATIDA DE CARRO

LOC2_No caso da internet, diferente do trânsito, alta velocidade não é problema, mas solução. Sem velocidade fica impossível assistir a um vídeo que não vai passar na televisão, ler notícias em meios alternativos, publicar uma foto, baixar um filme, acessar serviços públicos, pagar uma conta sem ir ao banco ou ouvir uma rádio comunitária que já transmite informações de outra parte do Brasil ou mundo!



Loc 1_ O conjunto de favelas do Alemão está localizado na zona norte da cidade do Rio. Foi lá que encontramos Nilton Gomes, o Diquinho. Ele mora no Morro da Baiana, num terreno que antes era o quintal de uma grande casa. Hoje, o local serve de moradia para mais 20 famílias.

Loc 2_ O Diquinho vai nos contar um pouco da sua história.

Tec.: Sonora_1

Loc 1_ Diquinho é um dos fundadores do conselho popular do Alemão. Ele lembra que este é um espaço muito importante, pois lá os moradores podem discutir livremente os problemas e soluções para o conjundo de favelas.

Loc 2_ Diquinho critica projetos sociais que só levam cursos de informática ou esportes. O morador do conjunto de favelas do Alemão acredita que é necessário despertar a consciência política nas pessoas.

Loc 1_ Uma maneira de fazer isso é fazer circular melhor a informação e ampliar debates, Diquinho participa do jornal O Guerreiro. Esse é um meio de comunicação bimestral que acaba de nascer, está na segunda edição.

Loc 2_ Mesmo safenado, tendo que tomar remédios diariamente, Diquinho não desiste da luta. É ele mesmo quem diagrama e leva o jornal para a gráfica. Os custos são divididos são divididos pelas pessoas que integram o conselho popular.

Tec.: Sonora_2: 9 min 50_ o sentido é elevar o nível de conhecimento...

Loc 1_ Quando chegou de Minas Gerais Diquinho conheceu um Alemão diferente. Os morros eram menos populosos.

Loc 2_ E o aumento do número de habitantes não veio acompanhado de direitos. O Alemão tem uma das piores médias do Índice de Desenvolvimento Social da cidade. Calculado pelo Instituto Pereira Passos, o índice mede o acesso a saneamento básico, a qualidade da moradia, o grau de escolaridade e a renda da população carioca. Do total de 158 bairros do Rio, o Complexo do Alemão ocupa a posição 149.

Loc 1_ Em novembro de 2010 o conjunto de favelas do Alemão ficou conhecido em todo o Brasil depois da maior operação militar da história do Rio de Janeiro. Cerca de 2600 policiais entraram no complexo de favelas.

Loc _ Diquinho conta que as Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, marcaram a sua vida e a de todos que moram no conjunto de favelas do Alemão. Por um lado, o tiroteio acabou, mas por outro...

Tec.: Sonora_ (fala que os moradores estão gostando da entrada da polícia. Porque acabou o tiroteio e as bocas de fumo. Fala sobre a experiencia das upps em outros lugares do rio. E diz que no alemão hoje ele vive em uma situação de indefinição)

Loc 2_A desconfiança de Diquinho sobre a implantação das Unidades de Polícia Pacificadora, as UPPs, se justifica. Afinal, esta não foi a primeira vez que forças policias ocupam as favelas. Em 2007, a localidade ficou marcada pela chacina do Pan. Segundo dados oficiais, a operação deixou 19 mortos. Entretanto, a Anistia Internacional apurou 50 assassinatos.

Loc 2_ Diquinho avalia que os policiais atuam de maneiras diferentes nas regiões ricas e nas pobres. O morador do Complexo do Alemão afirma que nas favelas a polícia reprime os moradores ao invés de garantir a segurança e a liberdade de ir e vir.

Tec.:Sonora_3 (fala que a ação da polícia é discriminatório e que existe pra reprimir os pobres).

Loc 1_ Uma conversa com Diquinho morador da favela, mostra o que muita gente diz por aí. A ocupação policial sozinha não resolve as desigualdades sociais e de violência no complexo do Alemão. É preciso garantir que as medidas de segurança pública venham acompanhadas de saúde pública, moradia digna, saneamento básico, transporte, educação... Ou seja, é preciso ter acesso a direitos!

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