LOC2: Diante disso, o valor do barril de petróleo sobe, transportar alimentos exige grande gasto de combustível, os preços aumentam, e assim crise alimentar se torna inevitável. O debate cresce em torno das possíveis soluções para esse problema.
LOC1: No Brasil, um país de grande dimensão territorial e vasta produção agrícola algumas vozes se levantam, dentre elas, vozes de homens e mulheres que trabalham diariamente embaixo do sol com enxada na mão e constatam:
SONORA
LOC2: Essa voz é de Áureo Scherer, representante do Movimento dos Pequenos Agricultores. Ele acredita que o Brasil é um país que pode conciliar o aumento da produção de alimentos com a produção de energia renovável. LOC1: E foi apostando na proposta feita por agricultores rurais que o Presidente Lula anunciou no mês de junho, o lançamento do programa Safra Mais Alimentos. O plano destinará R$ 13 bilhões a agricultura familiar. As famílias terão direito a até R$ 100 mil com juros de 2% ao ano e prazo de até dez anos para pagamento, para culturas como milho, feijão, arroz e trigo.
LOC2: Áureo lembra que o programa não contribui apenas para aumento da produção alimentar, cerca de 18 milhões de toneladas/ano, como também caminha junto da preservação do meio ambiente:
SONORA
LOC1: Ok. Mas isso quer dizer que o Brasil vai investir apenas em agricultura familiar para produzir alimentos?
LOC2: Não. Vale lembrar que enquanto os pequenos agricultores receberão R$13 bilhões em crédito, R$ 65 bilhões serão investidos no agronegócio, ou seja na produção monocultora voltada para exportação. Para Lúcia Ortiz, do Núcleo Amigos da Terra, a expansão da monocultura pode causar problemas para a prática da agricultura familiar.
SONORA
LOC1: Áureo acredita que a diferença entre os recursos destinados ao agronegócio e a agricultura familiar se dá devido a força da bancada ruralista no Congresso. Para ele, os latifundiários ganham a maior parte de recursos mas produzem muito pouco.
LOC2: Para o movimento campesino os gastos da agricultura industrial são altos pois dependem do petróleo e derivados tanto no transporte quanto nos insumos utilizados. Se esse padrão de produção fosse modificado, os gastos poderiam ser reduzidos.
LOC1: Rosângela Cordeiro do Movimento de Mulheres Campesinas, esteve presente no lançamento do programa Mais Alimentos e junto de demais camponeses entregou ao Presidente Lula um documento com 13 pontos estruturantes da jornada da Via Campesina. Para Rosângela o programa é válido e cumpre um papel fundamental. Porém, ela reafirma a necessidade de uma política estruturante para a agricultura brasileira.
SONORA
LOC2: Os camponeses querem garantir sua produção e a fartura de alimentos na mesa dos brasileiros. Amenizar ao máximo os danos causados pelo cultivo não-consciente é uma das tarefas desses homens e mulheres que tem a terra como matéria-prima.