LOC 1: Na manhã do último dia 30 de março, cerca de cinco mil trabalhadores se reuniram na avenida paulista, o maior centro econômico do país, para protestar contra as demissões causadas pela crise financeira que atinge todo o mundo.
LOC 2: O ato foi unificado entre diversos partidos de esquerda, centrais sindicais e movimentos sociais de todo o país. As diferenças internas entre tais grupos foram momentaneamente deixadas de lado para que o grave problema do desemprego fosse destacado.
LOC 1: De acordo com o informativo divulgado pelas 25 instituições organizadoras da passeata, cerca de oitocentos mil trabalhadores brasileiros foram demitidos nos últimos cinco meses.
LOC 2: Além disso, os grupos também reclamam de medidas como o gasto de trilhões por parte das maiores economias do mundo para salvar empresas multinacionais da falência.
LOC 1: A manifestação deveria visitar pontos estratégicos, como o Banco Central, a Caixa Econômica Federal e a Bolsa de Valores de São Paulo.
LOC 2: Mas devido a recomendações da Polícia, apenas as duas primeiras instituições, que também se localizam na avenida Paulista, receberam os protestos do público.
LOC 1: A principal reclamação dos manifestantes foi a de que os trabalhadores não podem pagar pela crise.
LOC 2: Segundo as centrais sindicais e partidos políticos presentes, a culpa da crise é dos grande especuladores financeiros internacionais, mas a conta é socializada entre toda a classe trabalhadora.
LOC 1: Rodrigo Brancher, membro da direção nacional do partido Movimento Negação da Negação, o MNN, afirma que os patrões fazem de tudo para manterem seus níveis de lucro, mesmo que seja às custas de postos de emprego.
SONORA
LOC 2: Outras reivindicações levantadas pelos participantes do ato dizem respeito à redução de jornada sem redução de salários e direitos, e à redução dos juros, entre outras questões, dependendo do posicionamento político da agremiação.
LOC 1: Poucas vezes a esquerda brasileira consegue se unir em defesa de uma única reivindicação. Mesmo assim, durante a passeata, as diferenças internas puderam ser percebidas.
LOC 2: Determinados partidos se importavam em destinar suas falas em carros de som e suas mensagens em cartazes e panfletos a reivindicações pontuais.
LOC 1: Outras agremiações preferiram contextualizar os efeitos da crise com o modo de produção do sistema capitalista.
LOC 2: Brancher, da direção nacional do MNN, explica porque é necessário realizar a união das lutas neste momento, mesmo com divergências ideológicas.
SONORA
LOC 1: a Central Única dos Trabalhadores, a CUT, ligada ao PT, não compareceu em peso à marcha.
LOC 2: A Coordenação Nacional de Lutas, mais conhecida como Conlutas, vinculada ao PSTU, foi quem mais levou trabalhadores ao ato.
LOC 1: Em termos práticos, o ato foi uma maneira de tentar demonstrar que existem trabalhadores mobilizados contra o corte irracional de salários que pode piorar ainda mais a crise.
LOC 2: Cada grupo participante da passeata fez seu balanço particular e tenta apontar soluções. Partidos como PT, Psol, PSTU, PC do B, MNN, além de centrais sindicais como Intersindical, Conlutas, CUT, CGT, e movimentos como o MST e o MTST foram algumas das organizações presentes.