Loc 2: Antes de irradiar informações sobre a comunitária, um pouco sobre a história do Vidigal. E por que esse nome? Porque o local pertencia ao major Miguel Nunes Vidigal. Isso faz tempo...foi lá no século dezenove.
Loc 1: Por volta de 1820, major Vidigal ganhou de presente um terreno aos pés do Morro Dois Irmãos, onde hoje existe a favela, localizada entre os bairros do Leblon e São Conrado, na zona sul do Rio de Janeiro.
Loc 2: Normalmente, o Vidigal é conhecido pelos casos de violência e crime, entrada da polícia e ações do BOPE. Mas vamos falar de um Vidigal diferente, da relação da comunidade com a rádio, pela voz dos próprios moradores.
Loc 1: Conversamos com Wanderley Gomes da Silva, diretor da Rádio Estilo Livre desde a fundação, em 1997. Ele contou como já estava envolvido com a música e com uma rádio comunitária, antes mesmo do surgimento da emissora. Ouça lá!
Sonora 01 – Wanderley
Loc 2: E qual a importância da rádio comunitária para o Vidigal? Wanderley contou que muitas emissoras comerciais não pegavam direito no Morro. O sinal era muito ruim...
Loc 1: Mas mais importante do que isso foi a necessidade de se criar uma emissora voltada a uma comunidade que possui cerca de 25 mil habitantes.
Sonora 2 – wanderley
Loc 2: Além de dar força aos pequenos comerciantes, a programação é bem variada. Tem programas religiosos, de cultura...E principalmente muita música!
Loc 1: Wanderley explica que procura acompanhar as questões referentes às leis de radiodifusão comunitária. Mas alguns pontos previstos pela lei não são seguidos, porque ao invés de ajudarem, acabariam impedindo o funcionamento da rádio.
Sonora 03 -wanderley
Loc 2: E para participar da emissora e montar um programa, os interessados acompanham quem já tem experiência na rádio. Hoje, já são 29 locutores. Um ajuda o outro, e é assim que os novatos aprendem. Aos poucos vão conquistando seu espaço.
Loc 1: Foi o caso de Thiago de Souza, mais conhecido como Jordam, de 23 anos, que espalha muito funk pelo ar.
Sonora 4 - Thiago
Loc 2: Esse batidão foi gravado, ao vivo, durante a visita à salinha de pouco mais de quinze metros quadrados. Da janela, atrás do computador, é possível ver um dos mais belos recortes do Rio de Janeiro. Por estar bem no alto, da Rádio Estilo Livre FM se vê grande parte da favela. Lá embaixo, o mar abraça a Praia de Ipanema.
Loc 1: E a emissora também contribui com as campanhas de postos de saúde e acelera a solução de problemas emergenciais. Thiago cita um caso:
Sonora 5 - Thiago
Loc 2: Quem vai até a Estilo Livre precisa de um descanso após a longa subida entre vielas e degraus, são muitos vãos de escada até lá. Se bem que isso é para quem é de fora, né? Valéria Lima, de 18 anos, já está acostumada. Moradora do Vidigal, ela faz o caminho desde os 13 anos, quando começou sua participação na emissora. Ela apresenta...(pigarrro) Espera aí ...deixa ela contar...
Sonora 6 – Valéria
Loc1: Além de falar da paixão pela rádio e a responsabilidade de estar à frente de um programa desde muito nova, Valéria conta que o seu grande sonho é tornar-se advogada. Isso para trabalhar na Vara da Infância e da Juventude, fazendo valer os direitos e deveres de todas as crianças e adolescentes.
Loc2: Valéria critica a visão do asfalto em relação ao Vidigal. Encantada com o lugar em que vive, diz que a favela com certeza é muito mais do que um palco de violência e crimes, como normalmente aparece na TV e nos grandes jornais.
Sonora 7- Valéria 02
Loc 1: Entre as pixações também belos grafites – trechos de poesias, imagem de Che Guevara. Salões de beleza, bares e restaurantes, pequenos mercados, camelôs vendendo variados produtos...
Técnica: barulho da rua. Vendedor de frutas.
Loc 2: Talvez por conta da chuva naquela manhã o pessoal tenha desistido de ir à prainha do Vidigal. Mas muita gente estava na rua. Os motoboys costuravam entre as ladeiras que levam até a rádio Estilo Livre FM; a emissora atenta aos problemas da comunidade mas também aos moradores que riem, dançam, cantam, estudam, trabalham...também cariocas.